sexta-feira, 4 de março de 2011

O Cometa


Os homens num intento fugaz ousaram marcar o tempo

Mas mais marcados ficaram de tentar prender um momento

Um momento não se prende, sempre escoa tão fugaz

Vai fazendo o que quer, como sempre ao homem faz


Eu por meu lado pratico largamente a humanidade

Ouso tentar prender o tempo num instante saudade

Meu pouso é brincar no tempo e o vou deixando brincar

Brincando com o momento quem sabe um dia eu o faça voltar


Brinquei que um dia um cometa tudo em mim fez renovar

Que ao passar pelo céu todo este tempo pode parar

E este cometa sem medo, em seu trajeto estelar

Passando pelos planetas brilhou bem dentro do meu olhar


Eu brinquei que o cometa parou com sua jornada sem final

Cansou de ficar vagando na imensidão universal

Sonhei então que o cometa parou nos braços de uma mortal

Fazendo-a sentir-se por um momento especial


Mas eu bem sei que aos cometas não se deve tentar prender

Eles são como tempo, por todo o espaço a correr

E como o tempo deixa aos homens as suas marcas sem fim

Me marcou também o cometa que um dia passou por mim


Não sei se um dia o cometa ousará voltar

Nem sei se cabe a mim a ousadia de o esperar

Mas sei que os cometas deixam todo o direito de desejar

Então desejo ao cometa que um dia eu possa também voar