Os homens num intento fugaz ousaram marcar o tempo
Mas mais marcados ficaram de tentar prender um momento
Um momento não se prende, sempre escoa tão fugaz
Vai fazendo o que quer, como sempre ao homem faz
Eu por meu lado pratico largamente a humanidade
Ouso tentar prender o tempo num instante saudade
Meu pouso é brincar no tempo e o vou deixando brincar
Brincando com o momento quem sabe um dia eu o faça voltar
Brinquei que um dia um cometa tudo em mim fez renovar
Que ao passar pelo céu todo este tempo pode parar
E este cometa sem medo, em seu trajeto estelar
Passando pelos planetas brilhou bem dentro do meu olhar
Eu brinquei que o cometa parou com sua jornada sem final
Cansou de ficar vagando na imensidão universal
Sonhei então que o cometa parou nos braços de uma mortal
Fazendo-a sentir-se por um momento especial
Mas eu bem sei que aos cometas não se deve tentar prender
Eles são como tempo, por todo o espaço a correr
E como o tempo deixa aos homens as suas marcas sem fim
Me marcou também o cometa que um dia passou por mim
Não sei se um dia o cometa ousará voltar
Nem sei se cabe a mim a ousadia de o esperar
Mas sei que os cometas deixam todo o direito de desejar
Então desejo ao cometa que um dia eu possa também voar