domingo, 17 de outubro de 2010

Sobre o que sinto


Eu não sei dizer bem o que sinto
Somente sei que sinto e penso
Que me pesa que seja assim
Que eu não mostre tão simplesmente
O que se passa dentro de mim
E o que flui na minha mente

E assim esse esconder acaba tendo um preço
Parece que eu recebo sempre aquilo que eu não mereço
Parece que o meu sofrimento mudo
Passa por sofrimento não existente
E o que pra mim era tudo
Passa por nada a tanta gente

Eu não sei se é por eu não dizer
O que está estampado em meu rosto
Seja isso alegria, ou então seja desgosto
Ou talvez eu não cause empatia
Por menor que seja a ninguém
E não se importem em fazer-me mal
Mesmo podendo fazer-me o bem

Só espero que alguém entenda
O que eu ainda não soube explicar
Que a fragilidade de um coração
Só se exprime através do olhar

domingo, 18 de abril de 2010

Somente em Ti, meu Senhor



Sempre em Ti, meu Senhor
Minha alma espera somente
No teu amor se refugia
E é dele dependente

Somente em Ti, meu Senhor
São as feridas saradas
Somente em Ti, meu Senhor
Fazem sentido as jornadas

Não posso, meu Deus, negar
O Teu sublime cuidado
Em Ti sempre firme,
Não hei de ser abalado

Teu nome em meu coração
Há sempre de ser achado
E sempre viverá em mim
O desejo de estar ao Teu lado

Não deixe, meu Pai, que eu me afaste
Nem por um dia somente
De viver do Teu amor
E nele esperar paciente.

sábado, 30 de janeiro de 2010

Choro e fogo





É assim o choro que de mim nasce
as lágrimas que de mim saem
silenciosas caminhando em minha face
no escuro da noite não me traem

são a plena forma de aliviar meu sofrimento
e chorar é queimar o que for
e tudo em mim arde nesse momento
pois choro é fogo devorador

Tudo queima, olhos, pulmões em chama
a fumaça quente invade a garganta
e o corpo se encolhe na cama
e o que foi chorado acalanta

e há alivio porque tudo é um pouco mais vivido
no crepitar de angústias de um desabafo contido

e quando o fogo se apaga, se apaga também minha mente
vivendo sonhos loucos que se queimam no Sol nascente
e afinal tudo é fogo,tudo um dia queima e consome
como consome a agonia no murmurar de um nome

E eu renascerei desse fogo
voltando às chamas sempre que preciso for
e consumindo no choro que é sempre fogo devorador

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Doce ilusão




Olhando tua figura
Tão bela e tão imponente
Pergunto: quem sou eu
Pra ser dona do sol nascente?

Eu sou um vagalume em volta de um lustre
Pensando que vê o Sol
Dançando em volta da luz em louca satisfação
E a curta vida de inseto resume-se nessa ilusão
De que o lustre é a luz do dia
E a luz sua salvação

Eu sou um peixe que olhando pro céu
Pensa que vê um outro mar
Que tantos milhões de estrelas
São peixes brilhando a nadar
Que mar, que mar
Não tires do pobre peixe
A doce ilusão de sonhar

domingo, 3 de janeiro de 2010

Pedido ao amor não correspondido


Amor não correspondido,
Peço que de mim tenha piedade
E parta sem ter como voltar
Ainda que passe por cima de minha vontade

Ou faça dos meus sonhos verdade
Transforma-te a ti mesmo em metades
E entrega-te a este outro e tão somente
O infinito que se divide não se parte
Não se esvai nem se vê diminuído

Amor não correspondido,
Afasta de mim teu amargo certo
Não que eu mereça mais que alguém o ser amado
Mas se eu não tenho quem quero do meu lado
Não te tenhas no meu peito tão aberto

Amor não correspondido,
Atenta para o mal que já causaste
Eu sei que agonia é de tal jeito
Única lembrança que me resta ao coração
Da presença doce de quem amo
Mas deve haver de algum modo outra saída
Pra que eu aprenda de outro modo dessa lição
De que amor é mais que tudo nessa vida
Entregar-se sem esperar da outra parte devoção